Privação Visual no Exercício

Já é sabido que a privação visual tem efeito benéfico em teste de 1RM e de repetições máximas e trás uma percepção subjetiva de esforça menor. Então quanto a força e esforço máximo sabe-se que 'fechar os olhos' irá ajudar a recrutar mais unidades motoras.

Mas e no equilíbrio?
Para o equilíbrio basta a gente ficar em apenas uma perna e fechar o olhos e já teremos a resposta. Com equilíbrio, se fechar os olhos, o "buraco fica mais embaixo", é mais difícil de manter o equilíbrio.
Porém, nem sempre aquilo que piora um movimento é ruim, pois piorar o movimento (com privação visual) pode melhorá-lo quando "voltar" a enchergar.
Você fazer um movimento com os olhos fechados altera nossa secreção hormonal, altera a nossa ativação cerebral, além de tornar-se um desafio maior ao executar um movimento e manter o controle corporal. Não é atoa que o ninja assassino, Raizo, em sua juventude, fica por anos com os olhos vendados. (rsrsrs)



Ao fechar os olhos, nós saimos do mundo exterior e entramos no nosso mundo interior. Podemos prestar mais atenção em cada "canto" do nosso corpo que a gente movimenta mas não toma consciência disso e "ver" de forma diferente o espaço físico que nosso corpo ocupa no ambiente.

No caso de um handstand, sentir o solo nas palmas das mãos e "visualizar" onde seu corpo se posiciona no espaço é uma tarefa completamente diferente quando de olhos vendados.

Aos praticantes de Jiu-Jitsu, vale experimentar fazer uma luta inteira, no chão, de olhos fechados. Vai descobrir que a percepção de onde e como está o corpo do seu adversário será completamente diferente, afetando em qual decisão tomar dependendo de cada movimento, toque e som.

Não é a primeira vez que falo da importância de uma periodização, então mais uma vez volto a dizer: o planejamento e organização fazem toda diferença no resultado a médio e longo prazo. Dentro de uma programação adequada pode-se incluir exercícios com privação visual, e isso não vale só para o handstand e exercícios de equilíbrio, mas vale a experiência de fazer um agachamento, terra/deadlift, supino/bench press, movimentos olímpicos (com supervisão e SEM carga) com os olhos fechados. Seu corpo e cérebro vão agir e se adaptar completamente diferente à este estímulo. E tenha certeza que esta experiência trará muitos benefícios, além daqueles que podemos ver.

por: Prof. Esp. Alexandre Castro Alves


DICAS DE LEITURA
Geralmente não escrevo referências, apesar de TODAS as minhas postagem sobre métodos e treinamentos ter embasamento na ciência, pois acho que todo profissional deveria fazer as referências por sí, não me entendam mal, não é "inventar" as coisas, mas sempre que ouvir, ver ou ler sobre algum método ou algo que desconheça, que seja diferente, etc... O próprio profissional deveria pesquisar e adquirir referências sobre o assunto. Artigos, livros, cursos, workshops, consultorias, etc... O conhecimento é grátis até certo ponto, ele custa muito mais FORÇA DE VONTADE e DEDICAÇÃO do que dinheiro.
Mesmo sabendo que alguns da pouca e mínima minoria que ler este artigo irá ler as referências, abaixo deixo alguns artigos para os mais interessados e também aos que pensam que "fechar os olhos" é besteira, macaquisse, coisa de circo, etc etc etc...

• Martin Simoneau, et al. Sensory deprivation and balance control in idiopathic scoliosis adolescent. Experimental Brain Research. April 2006, Volume 170, Issue 4, pp 576582
• Saulo Costa, et al. Influência da privação visual no teste de uma repetição máxima e na predição de carga. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, ano 11, nº 36, abr/jun 2013
• Isabelle V Bonan, et al. Reliance on visual information after stroke. Part II: effectiveness of a balance rehabilitation program with visual cue deprivation after stroke: a randomized controlled trial. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, Volume 85, Issue 2, February 2004, Pages 274–278
• Arianna Maffei, et al. Selective reconfiguration of layer 4 visual cortical circuitry by visual deprivation. Nature Neuroscience 7, 1353 1359 (2004)
• Luana Mann, et al. Effect of low back pain on postural stability in younger women: Influence of visual deprivation. Journal of Bodywork and Movement Therapies, Volume 14, Issue 4, October 2010, Pages 361–366
• Arianna Maffei, et al. Potentiation of cortical inhibition by visual deprivation. Nature 443, 8184 (7 September 2006) | doi:10.1038/nature05079; Received 22 April 2006; Accepted 14 July 2006; Published online 23 August 2006
• Ania Majewska and Mriganka Sur. Motility of dendritic spines in visual cortex in vivo: Changes during the critical period and effects of visual deprivation. PNAS, December 23, 2003 vol. 100, no. 26
• HaiYan He, et al. Visual Deprivation Reactivates Rapid Ocular Dominance Plasticity in Adult Visual Cortex. The Journal of Neuroscience. 26(11): 29512955; doi: 10.1523/JNEUROSCI.555405.2006
• Alex Souto Maior, et al. Resposta da força muscular em mulheres com a utilização de duas metodologias para o teste de 1RM. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.4, n.24, p.587-592. Nov/Dez. 2010. ISSN 1981-9900
• Ring, C., Nayak, U. S. L. and Isaacs, B. (1989), The Effect of Visual Deprivation and Proprioceptive Change on Postural Sway in Healthy Adults. Journal of the American Geriatrics Society, 37: 745–749. doi: 10.1111/j.1532­5415.1989.tb02237.x

Alexandre C. Alves é Esp. em Fisiologia do Exercício e em Treinamento Desportivo pela UNIFESP

O artigo Privação Visual no Exercício foi escrito e editado por Alexandre C. Alves na data de 12 de dez. de 2015. Esperamos que este artigo possa ser útil.

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