Quem nunca sentiu aquela dor "sensacional" depois (geralmente começa 8-24 horas depois do exercício) de treinar concentrado? Então, se a respota foi SIM, você já sentiu a famosa DOMS (Delayed Onset Muscle Soreness) ou DMT (Dor Muscular Tardia).
Os picos desta dor geralmente se dão entre 24-72 horas depois do exercício e desaparece nos próximos 5-7 dias. A intensidade e duração da dor está relacionada com a intensidade e duração do estímulo causador da mesma.
É obvio que exercício mais intenso e duradouro irá gerar dor mais intensa e duradoura.
Mas a parte boa de tudo isso é que esta dor muscular é uma resposta normal quando se faz treinos mais intensos ou diferentes e essa reação do nosso organismo é parte de um processo de adaptação que leva à um melhor condicionamento, assim como melhor recuperação com o passar dos treinos e também provoca hipertrofia muscular.
Muitas das teorias atuais reconhecem que a ação de tensão sob alongamento do músculo é principal iniciador da dor. As ações excêntricas (negativa) geram mais dor muscular que as concêntricas!
Exemplos de contrações excêntricas seria você descer escadas, correr numa descida, descer pesos e a "descida do movimento" no agachamento ou flexão de braços.
Ai Meu Deus!!! Dor!!! Mas como tratar isso?
Relaxem! Com 5-7 dias ela vai desaparecer, não se preocupem! O melhor tratamento parece ser treinar!
:-)
Já que o exercício aumenta o limiar da dor e a tolerância à mesma! Existem estudos que dizem que bastante exercício parece ser o melhor jeito de reduzir ou eliminar a DMT, mas isto não foi ainda sistematicamente estudado¹. Mas em alguns casos o repouso também é necessário!
Ainda hoje muitos dizem que esta dor é provocada pelo ácido láctico, que já não é mais tão aceita, pois existem fatores muito mais relacionados com a dor, tal como o tipo de contração. Existem muitas teorias a respeito: teoria do ácido láctico, teoria do tecido rompido, espasmos musculares tônicos e dano do tecido conectivo, entre outras. Mas a teoria do tecido rompido é a mais aceita.
Bom, não nos preocupemos com a causa mais "interna" do negócio, pois sabemos que a DMT é um fato conhecido e a causa não se está relacionada a apenas "uma" circunstância. Pois nosso corpo é uma máquina complexa que não "faz girar" um mecanismo por vez e sim muitos ao mesmo tempo e determinar fatos isolados para um estímulo que envolve várias respostas e adaptações seria ingenuidade nossa. Tá aí uma ótima razão para vocês esquecerem certas afirmações vistas em salas de musculação e até em cursos.
Lembrando que vários tratamentos foram propostos, estudados e investigados (suplementação de vitaminas C e E, alongamento, crioterapia [aplicação de gelo], calor) mas nenhum destes se demonstrou comprovadamente eficaz.
Os não-treinados e sedentários são os que mais sofrem. Pois como não estão preparados, o limiar da dor é menor, ou seja, eles sentem mais dor e a mesma demora mais para passar. E isto muitas vezes afasta-os do treinamento. Mas um profissional experiente e ciente disto pode preveni-lo dosando o volume, intensidade e os tipos de exercício para não "assustar" os menos acostumados com tal reação do corpo.
É legal constar também que os músculos acometidos por DMT estão mais expostos a lesões, então, uma programação de treinamento bem tranqüila, de leve intensidade e curta duração, auxiliam na melhora deste quadro. Em alguns casos, melhor que treinar é descansar, afinal repouso também faz parte do treinamento.
Espero que tenham gostado e tenham ganhado um pouco mais de informação sobre essa nossa máquina complexa e incrível que é o nosso corpo.
Abraços,
Ale
Uma referência ciêntífica:
- http://journals.humankinetics.com/jsr-back-issues/jsrvolume5issue3august/delayedonsetmusclesorenesswhatisitandhowdowetreatit (você poderá fazer download do artigo completo [inglês])
Outras referências e dicas de leitura com boas fontes sobre o tema (todas em inglês):
- http://sportsmedicine.about.com/cs/injuries/a/doms.htm
- http://en.wikipedia.org/wiki/Delayed_onset_muscle_soreness
- http://www.sport-fitness-advisor.com/delayed-onset-muscle-soreness.html
Alexandre C. Alves é Esp. em Fisiologia do Exercício e em Treinamento Desportivo pela UNIFESP
Sessões deste Artigo: Fisiologia do Exercício, Reabilitação/ Recuperação